19 de junho de 2007

Entre Guerras

Período entre guerras

O período foi marcado pela quebra da bolsa de Nova Iorque, associada a graves tensões polícias, culminando com a ascensão dos regimes totalitários em alguns países europeus e também no resto do mundo. Na Alemanha e na Itália, surgiram o nazismo e o fascismo, respectivamente. No Brasil, além do surgimento de um movimento de inspirações semelhantes ao fascismo, o integralismo, houve a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, instaurando o Estado Novo. Esse período entre-guerras pôs fim à hegemonia do capitalismo, e o socialismo foi colocado em prática.

1. A crise de 1929

Os presidentes americanos de 1920 a 1932 assistiram impassíveis a uma evolução econômica em direção ao caos, para eles os problemas econômicos seriam superados naturalmente.

Entretanto a desigualdade na destribuição da renda acentuou-se, pois, para a maioria da população, o salário continuou estável, impossibilitando um aumento de consumo e incompatibilizando-se com o aumento da produtividade. Apenas a elitie correspondente a 5% da população detinha um terço da renda pessoal do país. A economia americana era controlada pelas grandes firmas. A justiça não conseguia impedir a ação negativa delas.

Para a economia, isto era ruim, pois a capacidade de consumo da população e, consequentemente, assim, a produção do país não conseguia ser toda ela consumida internamente, o que resultou numa grande estocagem de mercadorias.

No campo a situação também não estava boa. A mecanização das fazendas e a ampliação das terras cultivadas foram criando uma situação de superprodução, o que fez os preços dos produtos agrícolas cair. A cada ano crescia o número de agricultores endividados junto aos bancos. Para a economia, isto era ruim porque os agricultores também passavam a comprar menos produtos industriais.

Apesar desta gradativa redução do consumo, a euforia era imensa. As exportações para a Europa e para a América do Sul garantiam a expansão das vendas. A idéia de fazer fortuna rapidamente passou a ser o objetivo principal de muitos americanos. A Bolsa de Valores era considerada o caminho mais curto para conseguir enriquecer.

Normalmente, quando um empresários quer ampliar o seu negócio, ele pode recorrer a um banco e pedir um empréstimo, ou então vender ações da sua empresa na Bolsa de Valores. As pessoas compram essas ações porque acreditam que a empresa dará lucro. E, se isto vier a acontecer, o lucro será dividido proporcionalmente entre os acionistas. Diariamente as ações são negociadas segundo as expectativas de lucros que as pessoas acreditam que as empresas terão. Se a expectativa é alta, as ações sobem. Caso contrário caem.

Contudo há momentos em que o preço das ações pode subir artificialmente, isto é, acima das expectativas reais de lucro. Nos últimos anos da década de 20, era isto que estava ocorrendo nos EUA. Alguns empresários, aproveitando-se da euforia econômica e do desejo de lucro imediato, lançavam no mercado um número cada vez maior de ações. Assim, foram construindo um castelo de areia que só poderia manter-se em pé enquanto o público confiasse no mercado e continuasse a investir em ações. No verão de 1929, a Bolsa de Nova York operava em ritmo frenético.

O crescimento da economia americana revelou os seus problemas. No segundo semestre de 1929, eles já estavam bastante visíveis. A produção das fábricas americanas já não encontrava compradores com tanta facilidade. A concentração de renda na sociedade americana, entre outros feitos, diminuía o consumo. As indústrias européias voltavam a produzir num ritmo acelerado. Consequentemente, voltaram a fazer concorrência aos produtos americanos. Delineou-se assim um processo de superprodução, provocando a queda dos preços e das margens de lucros dos empresários.

O efeito disso sobre as cotações das ações na Bolsa de Valores foi catastrófico. Com os lucros em queda livre, a cotação da ações despencou vertiginosamente. Com isso, milhões de pessoas que acalentavam o sonho de se tornar milionárias ficaram na miséria do dia para a noite. No dia 29 de outubro de 1929, o rosto dos corretores e dos investidores revelava desespero e tristeza.

Com a perda da confiança, a economia americana entra em um processo acelerado de desorganização.

Todos tinham medo de investir. Evitavam até mesmo aplicar mais dinheiro nas suas fábricas fecharam as portas e despediram seus empregados. O desemprego atingiu milhões de trabalhadores e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram. O mercado se restringiu. Os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar mercadorias. A crise atingiu intensamente o comércio e o setor de serviços, e foi se alastrando por toda economia.

Em virtude da enorme importância da economia americana e dos laços que a uniam às outras economias capitalistas, a crise atingiu vários outros países, exceto a União Soviética, fechada em si mesma e onde estavam sendo aplicados os planos qüinqüenais de Stálin.

1.1. O New Deal (1933 – 1939)

Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos EUA em 1932, e uma de suas primeiras providências foi acabar com o liberalismo econômico, intervindo na economia, através do New Deal, plano elaborado por um grupo de economistas que se baseava nas teorias de Keynes (1884 – 1946). O Neu Deal buscava um planejamento econômico baseado na intervenção do Estado, fez investimentos em obras públicas, como hidrelétricas, estimulou uma política de empregos, entre outras medidadas, o que ativou o consumo, e possibilitou a progressiva recuperação da economia. Dez anos depois os EUA já estavam recuperados.

2. O totalitarismo nazi-fascista

No período entre guerras, estruturou-se na Europa um fenômeno político conhecido como nazi-fascismo – movimento essencialmente nacionalista, antidemocrático, antioperário, antiliberal e anti-socialista.

A doutrina Nazi-fascista destacava basicamente os seguintes pontos:

· Totalitarismo: nada deve existir acima do Estado, fora do Estado e contra o Estado.

· Nacionalismo: defendia-se que tudo deveria ser feito para a nação.

· Idealismo: acreditava-se que pelos anseios poderia transformar qualquer coisa que desejasse.

· Romantismo: negava-se que a razão pudesse solucionar os problemas nacionais, defendendo-se, ao contrário, que somente a fé, o auto-sacrifício, o heroísmo e a força o conseguiriam.

· Autoritarismo: via-se a autoridade do líder, do chefe como indiscutível; as nações precisavam de trabalho e prosperidade, não de liberdade.

· Militarismo: acreditava-se que a guerra regenera, a luta é tudo.

· Anti-comunismo: culpavam-se os comunistas pelo caos reinante e pelo colapso nacional.

2.2. O fascismo italiano

Em 1919, em Milão, Mussolini fundou o Partdido Fascista italiano e formou a milícia armada conhecida como camisas negras. Atacando adversários, especialmente os comunistas, os fascistas ganharam apoio da elite e da classe média, expandindo-se por todo o país. Entre as principais razoes que propiciaram a ascensão fascista na Itália destacam-se a então crise política e econômica e os efeitos desmoralizantes sofridos pelo país com a Primeira Guerra: perdas financeiras enormes, mais de 700 mil mortos.

2.3 O nazismo alemão

Ao final da Primeira Guerra a monarquia fora eliminada, considerada como culpada pelo fracasso da política bélica alemã, e desta forma, o exército procurou sair da guerra como uma instituição vitoriosa: cumprirá sua missão, o território alemão não havia sido invadido. O sentimento difundido pela cúpula militar pretendia atingir não apenas a grande massa de soldados, mas a sociedade em geral, e o exército continuará a ter um papel importante na vida política e social do país.

Com o fim da monarquia, iniciou-se um período que ficou conhecido como a "República de Weimar" que se dizia um governo liberal, apoiado em uma nova Constituição, mas que se iniciava sob o espectro da crise econômica e social. O novo governo, ao aceitar as imposições imperialistas do Tratado de Versalhes, nascera fadado a viver sob constante crise. Se num primeiro momento obtivera o apoio das camadas populares, em pouco tempo conheceu um processo de greves e manifestações contra a situação marcada pela hiperinflação e pelo desemprego crônico. Para se preservar no poder, o novo governo adotou uma posição conservadora, não atendendo as expectativas dos trabalhadores que o haviam apoiado, voltando-se para os setores mais conservadores da sociedade, como militares e empresários ultranacionalistas.

Dessa maneira, o governo da Social Democracia tornou-se cada vez mais centrista e abriu a possibilidade de uma constante radicalização e polarização, marcada pela tendência de as forças mais conservadoras se unirem em torno de um projeto comum ao longo de poucos anos, o mesmo acontecendo com as forças mais a esquerda, não obstante suas divisões internas.

O nazismo passou a se aproveitar das divisões internas dos grupos que apoiavam o governo e do caos econômico. Hitler começou a conquistar o apoio do povo alemão defendendo uma política de força como solução para os grandes problemas alemães. Sua propaganda era extremamente nacionalista e xenófoba, dirigida contra o comunismo e contra os judeus.

O inicio da década de 30 foi marcado pelo acirramento das disputas políticas e de uma forma geral pelo avanço do nazismo. Em 30 de janeiro Hitler foi nomeado Chanceler; em fevereiro as forças paramilitares incendiaram o Reichstag, atribuindo a culpa aos comunistas, originando violentas perseguições aos sindicatos e aos membros do partido Comunista. A ameaça comunista e a necessidade de limitar a ação dos judeus foi o pretexto utilizado para reforçar a centralização. Em março, com maioria de nazistas, o parlamento concede plenos poderes a Hitler através do Ato de Autorização, que lhe permitiria decretar leis sem aprovação. Com a morte do presidente Hindenburg., assume também a presidência. O governo ditatorial passa a desenvolver então uma política belicista, de reorganização militar e investimento na indústria bélica, com vistas a colocar em prática sua política expansionista.

31 de março de 2007

Revolução Francesa


Essa cronologia foi tirada do site: www.wikipedia.com.br



Eventos que precedem a Revolução mas que são relevantes

1785

1786

Fase Pré-Revolucionária

1787

1788

1789

  • 24 de Janeiro: Instabilidade geral, ocasionada pelas condições económicas, converge para a invocação dos Estados Gerais pela primeira vez, desde 1614.

Estados Gerais e Assembleia Constituinte

1790

1791

Assembléia Legislativa

1792

A Convenção Nacional

1793

1794

1795

O Diretório

1796

1797

1798

1799

Início da Era Napoleónica

Não há uma data precisa para o início da Era Napoleônica. O Golpe do 18 Brumário dissolveu o Diretório; A Constituição seis semanas depois o dissolveu formalmente.

12 de março de 2007

Crise do Império

Bom, esse texto é um resuminho sobre a crise que abalou o Segundo Reinado e possibilitou a Proclamação da República.

O processo que levou à crise do Império

- Emergência de novos grupos sociais

Desde a década de 1870 a economia vinha passando por rápidas transformações. O café a altos preços era exportado, com isso o comércio externo crescia rapidamente, as ferrovias expandiam-se unindo as principais regiões do país. O comércio externo diversificava-se. Isso tudo estimulou o surgimento de uma classe média formada por profissionais liberais, pequenos comerciantes e industriais, militares e funcionários públicos civis, cafeicultores. Essa classe média conseguia crescer cada vez mais, mas não conseguiram o poder político que precisavam, os órgãos administrativos eram antiquados e ineficientes, assim a camada média desejava reformar o aparelho do estado adaptando-o as novas necessidades. Para isso aderiram à causa republicana.

- Questão religiosa

A constituição de 1824 assegurava a união entre Igreja e Estado.

Em 1872 os Bispos de Olinda e Belém determinaram que as irmandades religiosas expulsassem as pessoas ligadas à maçonaria. O imperador ordenou o cancelamento da medida. Os Bispos se recusaram a cumprir a ordem, foram presos e condenados a trabalhos forçados. Apesar da anistia concedida em 1875 as relações Igreja-Estado se deterioraram e alguns padres passaram a apoiar a causa republicana.


- Questão militar

Quando os militares voltaram da Guerra do Paraguai, estavam fortalecidos, vitoriosos e queriam que os civis lhes retribuíssem os sacrifícios feitos em combate, com respeito e promoções mais rápidas. O governo imperial não atendeu a nenhuma destas pretensões, aumentando o fosso que separava os militares , vindos em sua maioria das camadas médias, do Império elitista e aristocrático.

Os militares achavam que o país deveria ser governado com base em princípios científicos, técnicos, matemáticos e que os políticos civis eram ótimos para discursar mas péssimos para governar. Tal linha de raciocínio vem da filosofia positivista do matemático e filósofo Augusto Comte. Comte era republicano e foi o fundador do positivismo , sistema que em política, defendia a instalação de uma república centralizada e forte.

Em 1883,alguns oficiais do exército, liderados no Rio de Janeiro pelo tenente coronel Sena Madureira, atacaram pela imprensa um projeto de reforma do montepio militar em tramitação na Assembléia Geral. O projeto foi arquivado, mas o governo proibiu manifestações de militares pela imprensa.

No ano seguinte , Sena Madureira manifestou apoio a um jangadeiro cearense, que se recusou a transportar em sua jangada escravos para um navio negreiro. Como punição, o governo o transferiu para o Rio Grande do Sul. Em 1886, Sena Madureira publicou um artigo sobre o episódio no jornal republicano A Federação. O ministro da Guerra exigiu sua punição.

Em Porto Alegre, o marechal Deodoro da Fonseca, presidente e comandante militar do Rio Grande do Sul, recusou-se a punir Sena Madureira. A resposta do governo foi destituí-lo da presidência e do comando militar da província. Deodoro voltou ao Rio, onde foi recebido em triunfo por militares e republicanos. Assinou então violento manifesto escrito por Rui Barbosa em defesa do exército. Para contornar a crise, o governo cancelou as punições.

- O golpe final

A grande base de sustentação do império eram os donos de terras e escravos. Com a abolição, a monarquia perdeu essa força de sustentação. A campanha abolicionista havia agitado o país de norte a sul, interligando-se com a campanha republicana, desmoralizou as

autoridade imperiais, cujo poder desmoronava.

Após o lançamento do manifesto Republicano, surgiram clubes e jornais antimonarquistas em todo o país. Em 1873, os republicanos de São Paulo realizaram a Convenção de Itu. Seu objetivo foi unificar os movimentos contra a monarquia num único partido, liderados pelos grandes fazendeiros do café. Da reunião surgiu o Partido Republicano Paulista (PRP).

A partir de então, a campanha cresceu rapidamente, ganhando força irresistível depois de 1880, mas faltava um empurrão final. Esse seria dado pelos militares. A 11 de novembro de 1889, diversos republicanos, se reuniram com o marechal Deodoro da Fonseca para convencê-lo a liderar o golpe final contra a monarquia.

Deodoro assumiu, a 15 de novembro, o comando das tropas do Rio de Janeiro e ocupou o Ministério da Guerra. Nesse momento Deodoro proclamou a República.

** Fim da escravidão

Depois da guerra do Paraguai, que terminou em 1870, a emancipação dos escravos virou questão de honra nacional. Nos campos de batalha, ao lado dos homens livres, lutaram muitos escravos, estimulados pela promessa de liberdade. Entre os Voluntários da Pátria, como eram chamados os pelotões que lutavam na guerra, formaram-se inúmeras divisões compostas apenas por negros e que foram decisivas para a vitória nacional.

Com o aumento do movimento abolicionista, começaram a surgir associações que ajudavam os escravos a fugir, quebrando a disciplinas nas senzalas.

Duas leis que reconheciam o direito dos escravos à liberdade se sucederam, antes daquela que pôs fim à escravidão: a lei do Ventre Livre, de 1871, declarando livres os filhos de escravas nascidos a partir daquela data; a lei dos Sexagenários, de 1885, emancipando os escravos maiores de 60 anos. Os abolicionistas a consideraram brincadeira de mau gosto, pois a vida útil do escravo adulto era em média de dez anos e, portanto, haveria muito poucos acima desta idade.

No auge das campanhas, a 13 de maio de 1888, a Princesa Isabel assinou a lei Áurea. Tinha apenas dois itens:

art1º - É declarada extinta a escravidão no Brasil

art2º - revogam-se as disposições em contrário

4 de março de 2007

A Febre do ouro

Este texto é um resumo de artigos da Nossa História e da História Viva. Foi usado como apostila do 2º ano.


A Febre do Ouro

A corrida do ouro, entre o final do século XVII e a primeira década do XVIII, foi talvez a maior migração de homens brancos e livres na América portuguesa ao longo de todo o período colonial. Em dez anos, a população das Minas atingira a cifra de 50 mil indivíduos (em 1720 atingiria a marca de 250 mil habitantes). Uma população extremamente heterogênea, formada por brancos europeus e americanos, africanos e índios de diferentes nações, mestiços de todo tipo.

Toda essa multidão se distribuía por pequenos povoados estabelecidos de forma improvisada e provisória, com ranchos de pau-a-pique, cobertos de palha, nos quais os moradores apenas dormiam, já que todo tempo disponível era dedicado à mineração.

A cronologia da descoberta do ouro nas regiões de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás é incerta e duvidosa. O que se pode dizer é que as descobertas de 1693 a 1694 tornaram o Brasil o maior produtor mundial de ouro da época. Os primeiros achados em volumes consideráveis se deram nos leitos dos rios e ribeirões que em grande número cortavam a área, configurando jazidas sedimentares aluvionais.

As crises de abastecimento

Logo no início, duas grandes crises de abastecimento e de fome (a primeira entre 1698 e 1699, a segunda entre 1700 e 1701) se abateram sobre os mineradores, agravadas porque a crescente população se concentrava em núcleos urbanos, que se estabeleciam nas proximidades das lavras mineras, estas por sua vez situadas junto aos leitos dos rios. Os mineradores viram-se obrigados a recorrer à caça para garantir algum sustento, em algum tempo toda a fauna da região seria dizimada, agravando ainda mais a situação.

Para resolver a questão, a Coroa iniciou uma política de concessão de terras entre a população livre proprietária de escravos, as chamadas sesmarias, que passaram a produzir parte dos gêneros de subsistência para a população. A mandioca era o principal gênero alimentar, consumido na forma de farinha, como também o milho. O comércio do litoral para essa região central também era vital para o abastecimento, cuja base da alimentação era a carne bovina que vinha da região dos currais do sertão entre Minas e Bahia. Produtos de luxo e mão de obra escrava vinham dos portos de Salvador da Bahia, bem como do Rio de Janeiro; as cavalgaduras vinham de Pernambuco.

Alguns gêneros alimentícios constituiriam uma fina iguaria: o tão prosaico sal, vindo de Portugal, junto com a manteiga, o queijo e o bacalhau, custavam caríssimo e poucos eram os que se davam ao luxo de salgar seus alimentos.

A cachaça e a mineração

Se o sal era raro, a cachaça corria farta. Desde o início ela foi um gênero de primeira necessidade. E não é difícil entender as razões. A mineração era uma atividade extremamente difícil e penosa, que exigia um alto consumo calórico. Os mineradores passavam todo o dia com o corpo praticamente imerso na água fria, batendo e transportando cascalho dos rios até as margens, para ser então lavado. Nessas condições, a aguardente não só fornecia as calorias necessárias, mas também proporcionava um estado de semi-embriaguez que tornava mais suportáveis as condições de trabalho tão adversas.

Fortalecimento da mineração, enfraquecimento dos canaviais.

O êxodo de milhares de escravos negros colocou em risco as lavouras do tabaco e do açúcar, considerados os pilares da economia colonial. As multidões que buscavam o ouro nos sertões deixavam para trás um rastro de abandono, com engenhos desmantelados, lavouras perdidas e fábricas desamparadas. A colonização das áreas minerados não foi realizada inicialmente, pois seria um empreendimento arriscado. Afinal, não se sabia ao certo a extensão dos achados auríferos, feitos até então nos leitos e tabuleiros dos rios, e não em minas beta.

Áreas mineradoras: crescente ameaça.

Maiores ainda eram os receios de natureza política. Em primeiro lugar, temia-se que as riquezas recém descobertas viessem a se transformar rapidamente em alvo de cobiça das nações estrangeiras, que não hesitariam em invadir e assaltar os portos marítimos em busca do ouro. Outros ponderavam a respeito das riquezas: não estariam elas fadadas a mal aportar em Portugal para dali seguir direto para França, Inglaterra, Holanda e Itália, em pagamento das volumosas importações fortalecendo perigosamente o poder bélico das potências rivais?

No plano interno não eram menores os dilemas. A corrida do ouro ajuntaria homens turbulentos numa região fora do controle da coroa, encravada em meio aos sertões distantes e inóspitos, e bem poderia originar uma república independente a desafiar o poder de el-rei. Tal gente rebelde poderia vir a se associar com o inimigo esterno, minando de vez a autoridade régia sobre a região mais rica do vasto império português.

Para a coroa, mais importante que a exploração sistemática do metal, era garantir que a descoberta das minas não colocasse em perigo o resto da América. Uma série de medidas restritivas foi então imposta, a começar pela proibição do trânsito de pessoas e mercadorias pelo Caminho da Bahia. Para conter o êxodo dos escravos, estabeleceu-se uma cota de duzentos cativos que poderiam ser adquiridos anualmente pelos paulistas.

Mudança no significado econômico e político das áreas mineradoras.

Por volta de 1707, quando ocorrem as primeiras descobertas do ouro beta – retirado da rocha mediante escavações profundas -, é que o significado político e econômico das Minas sofre uma profunda mudança. A partir daí, o pessimismo inicial dá lugar à convicção de que o ouro é certo e duradouro, alterando por completo a posição da região mineradora na conjuntura do império português. O resultado imediato disso é a resolução, por parte da coroa, em estabelecer finalmente o governo político e militar nas Minas, submetendo-se aos domínios ultramarinos. Não é por acaso que a nova orientação política coincidiu com a explosão da Guerra dos Emboabas (1707- 1709)

A Guerra dos Emboabas

As diferenças entre paulistas e forasteiros dividiram a população. O crescimento da tensão entre os dois lados acabou resultando, entre 1707 e 1709, em uma série de conflitos armados pelo controle das minas, conhecida posteriormente como a Guerra dos Emboabas. A guerra opôs os paulistas e os recém emigrados para a área, estes apelidados genericamente de emboabas, palavra que deu nome à disputa.

Os paulistas alegavam a sua condição de descobridores para pleitear um tratamento especial, reivindicando para si o monopólio das terras de sesmarias e dos cargos e postos administrativos. Lastreados nas promessas feitas aos descobridores ao longo de todo o século XVII, quando a Coroa havia desenvolvido uma política sistemática para trazer à luz o ouro tão almejado, eles consideravam a presença dos forasteiros uma ameaça rela aos seus interesses, vendo-os com desconfiança e receio.

Tal guerra foi na verdade um levante encabeçado por forasteiros contra os paulistas, sob a justificativa de que esses últimos se comportavam de modo tirânico e despótico, dispensando aos que não fossem paulistas o tratamento que se dava então aos escravos. Sob a bandeira da luta contra a opressão e a tirania, os emboabas conseguiram convencer a coroa acerca da legitimidade de sua causa. Para isso contou muito a imagem extremamente negativa que, desde o século XVI, se imputava aos paulistas, tidos por vassalos rebeldes e insubmissos.

A guerra dos emboabas mostrou a fragilidade do controle da Coroa sobre a região e a necessidade de instalar um aparato administrativo e fiscal mais próximo da área de mineração. Até então, o governador da repartição Sul, responsável também pelas Minas, residia no Rio de Janeiro, que ficava muito distante. Para controle das Minas, havia apenas um superintendente, que cuidava da distribuição das lavras e do reconhecimento dos impostos. Em fins de 1709, como resultado da Guerra dos Emboabas, a antiga Repartição Sul foi desmembrada o que redundou na criação da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, separada da capitania do Rio de Janeiro.

Revolta de Vila Rica e as casas de fundição.

Por volta de 1720, a produção do ouro já crescera de maneira extraordinária, e a Coroa constatou que a quantidade de impostos sobre a produção metalífera parecia estar sempre muito aquém da produção. Para evitar essa distorção foi baixada uma lei que proibia a circulação de ouro em pó e ordenava que todo o metal produzido deveria ser fundido em barras, única forma sob a qual poderia circular a partir de então. Para tanto decidiu-se pela instalação de casas de fundição em todas as comarcas, onde o metal seria fundido e o imposto recolhido(o quinto).

O quinto: a coroa cobrava um quinto sobre o ouro retirado das Minas, sem direito a nenhum abatimento de despesas operacionais.

Essa medida provocou a oposição da população que reagiu e se revoltou em Vila Rica, na chamada Revolta de Vila Rica.

Essa revolta adiou o projeto de instalação das casas de fundição, mas acelerou a decisão de conceder autonomia administrativa para as Minas, com o objetivo de diminuir a distância entre a sede do governo e a população da área. Assim, em fins de 1720, D. João V criou a capitania das Minas Gerais, desmembrada da de São Paulo.

Descaminhos

Enquanto uma multidão ia em busca de riqueza, a Coroa se preocupava em assegurara o pagamento da quinta parte daquilo que foi extraído, e para isso enviaram inúmeros funcionários para a região, vilas fundadas, pelourinhos erguidos, alfândegas ampliadas, ouvidorias, casas de fundição e moeda, registros de passagem ( a espécie de pedágio da época) etc.

Aos mineradores não era cobrado somente o quinto, mas também “direitos de entradas”(sobre todos os produtos vindo de fora, em alguns casos até 75% do valor da mesma mercadoria no porto do Rio), “direitos de passagem” (espécie de pedágio), dízimo para a Igreja e o “subsídio voluntário” (criado pelo Marquês de Pombal para ajudar na reconstrução de Lisboa depois do terremoto de 1755).Todas as estradas, rios e passagens possuíam casas de registro e o ouro só podia circular em barras com um guia.

Ainda assim calcula-se que pelo menos 35% do metal (cerca de 300 toneladas) extraído da terra foi contrabandeado. Mais do que o esgotamento das veios, foi a tributação abusiva que provocou a decadência das minas.

Exercício (responda em seu caderno):

1) Ironicamente, muitos mineiros morreram de fome na fase inicial da extração do ouro, apesar de possuírem muitas pepitas. Por que isso aconteceu?

2) Como a mineração acelerou o declínio da agroindústria açucareira?

3) Quem eram os emboabas e por que os paulistas entraram em guerra contra eles?

4) Explique as transformações econômicas que a mineração provocou no Brasil.

5) Como se dava a exploração da Minas por parte da Coroa Portuguesa?

6) O ciclo de mineração foi o responsável pela efetiva ocupação das seguintes capitanias:

a) São Paulo – Minas Gerais – Goiás.

b) Goiás – Mato Grosso – Minas Gerais.

c) Minas Gerais – São Paulo – Bahia.

d) Mato Grosso – São Paulo – Goiás

e) Bahia – Goiás – Mato Grosso.

23 de janeiro de 2007

Primeiro contato

Esse blog tem como objetivo a publicação de alguns textos de história.
Publicarei apostilas feitas por mim, além de trabalhos acadêmicos, não me prenderei somente a um tema histórico. Pretendo falar de tudo um pouco.