19 de junho de 2007

Entre Guerras

Período entre guerras

O período foi marcado pela quebra da bolsa de Nova Iorque, associada a graves tensões polícias, culminando com a ascensão dos regimes totalitários em alguns países europeus e também no resto do mundo. Na Alemanha e na Itália, surgiram o nazismo e o fascismo, respectivamente. No Brasil, além do surgimento de um movimento de inspirações semelhantes ao fascismo, o integralismo, houve a ascensão de Getúlio Vargas ao poder, instaurando o Estado Novo. Esse período entre-guerras pôs fim à hegemonia do capitalismo, e o socialismo foi colocado em prática.

1. A crise de 1929

Os presidentes americanos de 1920 a 1932 assistiram impassíveis a uma evolução econômica em direção ao caos, para eles os problemas econômicos seriam superados naturalmente.

Entretanto a desigualdade na destribuição da renda acentuou-se, pois, para a maioria da população, o salário continuou estável, impossibilitando um aumento de consumo e incompatibilizando-se com o aumento da produtividade. Apenas a elitie correspondente a 5% da população detinha um terço da renda pessoal do país. A economia americana era controlada pelas grandes firmas. A justiça não conseguia impedir a ação negativa delas.

Para a economia, isto era ruim, pois a capacidade de consumo da população e, consequentemente, assim, a produção do país não conseguia ser toda ela consumida internamente, o que resultou numa grande estocagem de mercadorias.

No campo a situação também não estava boa. A mecanização das fazendas e a ampliação das terras cultivadas foram criando uma situação de superprodução, o que fez os preços dos produtos agrícolas cair. A cada ano crescia o número de agricultores endividados junto aos bancos. Para a economia, isto era ruim porque os agricultores também passavam a comprar menos produtos industriais.

Apesar desta gradativa redução do consumo, a euforia era imensa. As exportações para a Europa e para a América do Sul garantiam a expansão das vendas. A idéia de fazer fortuna rapidamente passou a ser o objetivo principal de muitos americanos. A Bolsa de Valores era considerada o caminho mais curto para conseguir enriquecer.

Normalmente, quando um empresários quer ampliar o seu negócio, ele pode recorrer a um banco e pedir um empréstimo, ou então vender ações da sua empresa na Bolsa de Valores. As pessoas compram essas ações porque acreditam que a empresa dará lucro. E, se isto vier a acontecer, o lucro será dividido proporcionalmente entre os acionistas. Diariamente as ações são negociadas segundo as expectativas de lucros que as pessoas acreditam que as empresas terão. Se a expectativa é alta, as ações sobem. Caso contrário caem.

Contudo há momentos em que o preço das ações pode subir artificialmente, isto é, acima das expectativas reais de lucro. Nos últimos anos da década de 20, era isto que estava ocorrendo nos EUA. Alguns empresários, aproveitando-se da euforia econômica e do desejo de lucro imediato, lançavam no mercado um número cada vez maior de ações. Assim, foram construindo um castelo de areia que só poderia manter-se em pé enquanto o público confiasse no mercado e continuasse a investir em ações. No verão de 1929, a Bolsa de Nova York operava em ritmo frenético.

O crescimento da economia americana revelou os seus problemas. No segundo semestre de 1929, eles já estavam bastante visíveis. A produção das fábricas americanas já não encontrava compradores com tanta facilidade. A concentração de renda na sociedade americana, entre outros feitos, diminuía o consumo. As indústrias européias voltavam a produzir num ritmo acelerado. Consequentemente, voltaram a fazer concorrência aos produtos americanos. Delineou-se assim um processo de superprodução, provocando a queda dos preços e das margens de lucros dos empresários.

O efeito disso sobre as cotações das ações na Bolsa de Valores foi catastrófico. Com os lucros em queda livre, a cotação da ações despencou vertiginosamente. Com isso, milhões de pessoas que acalentavam o sonho de se tornar milionárias ficaram na miséria do dia para a noite. No dia 29 de outubro de 1929, o rosto dos corretores e dos investidores revelava desespero e tristeza.

Com a perda da confiança, a economia americana entra em um processo acelerado de desorganização.

Todos tinham medo de investir. Evitavam até mesmo aplicar mais dinheiro nas suas fábricas fecharam as portas e despediram seus empregados. O desemprego atingiu milhões de trabalhadores e agravou ainda mais a situação das empresas que sobreviveram. O mercado se restringiu. Os trabalhadores não tinham dinheiro para comprar mercadorias. A crise atingiu intensamente o comércio e o setor de serviços, e foi se alastrando por toda economia.

Em virtude da enorme importância da economia americana e dos laços que a uniam às outras economias capitalistas, a crise atingiu vários outros países, exceto a União Soviética, fechada em si mesma e onde estavam sendo aplicados os planos qüinqüenais de Stálin.

1.1. O New Deal (1933 – 1939)

Franklin Delano Roosevelt foi eleito presidente dos EUA em 1932, e uma de suas primeiras providências foi acabar com o liberalismo econômico, intervindo na economia, através do New Deal, plano elaborado por um grupo de economistas que se baseava nas teorias de Keynes (1884 – 1946). O Neu Deal buscava um planejamento econômico baseado na intervenção do Estado, fez investimentos em obras públicas, como hidrelétricas, estimulou uma política de empregos, entre outras medidadas, o que ativou o consumo, e possibilitou a progressiva recuperação da economia. Dez anos depois os EUA já estavam recuperados.

2. O totalitarismo nazi-fascista

No período entre guerras, estruturou-se na Europa um fenômeno político conhecido como nazi-fascismo – movimento essencialmente nacionalista, antidemocrático, antioperário, antiliberal e anti-socialista.

A doutrina Nazi-fascista destacava basicamente os seguintes pontos:

· Totalitarismo: nada deve existir acima do Estado, fora do Estado e contra o Estado.

· Nacionalismo: defendia-se que tudo deveria ser feito para a nação.

· Idealismo: acreditava-se que pelos anseios poderia transformar qualquer coisa que desejasse.

· Romantismo: negava-se que a razão pudesse solucionar os problemas nacionais, defendendo-se, ao contrário, que somente a fé, o auto-sacrifício, o heroísmo e a força o conseguiriam.

· Autoritarismo: via-se a autoridade do líder, do chefe como indiscutível; as nações precisavam de trabalho e prosperidade, não de liberdade.

· Militarismo: acreditava-se que a guerra regenera, a luta é tudo.

· Anti-comunismo: culpavam-se os comunistas pelo caos reinante e pelo colapso nacional.

2.2. O fascismo italiano

Em 1919, em Milão, Mussolini fundou o Partdido Fascista italiano e formou a milícia armada conhecida como camisas negras. Atacando adversários, especialmente os comunistas, os fascistas ganharam apoio da elite e da classe média, expandindo-se por todo o país. Entre as principais razoes que propiciaram a ascensão fascista na Itália destacam-se a então crise política e econômica e os efeitos desmoralizantes sofridos pelo país com a Primeira Guerra: perdas financeiras enormes, mais de 700 mil mortos.

2.3 O nazismo alemão

Ao final da Primeira Guerra a monarquia fora eliminada, considerada como culpada pelo fracasso da política bélica alemã, e desta forma, o exército procurou sair da guerra como uma instituição vitoriosa: cumprirá sua missão, o território alemão não havia sido invadido. O sentimento difundido pela cúpula militar pretendia atingir não apenas a grande massa de soldados, mas a sociedade em geral, e o exército continuará a ter um papel importante na vida política e social do país.

Com o fim da monarquia, iniciou-se um período que ficou conhecido como a "República de Weimar" que se dizia um governo liberal, apoiado em uma nova Constituição, mas que se iniciava sob o espectro da crise econômica e social. O novo governo, ao aceitar as imposições imperialistas do Tratado de Versalhes, nascera fadado a viver sob constante crise. Se num primeiro momento obtivera o apoio das camadas populares, em pouco tempo conheceu um processo de greves e manifestações contra a situação marcada pela hiperinflação e pelo desemprego crônico. Para se preservar no poder, o novo governo adotou uma posição conservadora, não atendendo as expectativas dos trabalhadores que o haviam apoiado, voltando-se para os setores mais conservadores da sociedade, como militares e empresários ultranacionalistas.

Dessa maneira, o governo da Social Democracia tornou-se cada vez mais centrista e abriu a possibilidade de uma constante radicalização e polarização, marcada pela tendência de as forças mais conservadoras se unirem em torno de um projeto comum ao longo de poucos anos, o mesmo acontecendo com as forças mais a esquerda, não obstante suas divisões internas.

O nazismo passou a se aproveitar das divisões internas dos grupos que apoiavam o governo e do caos econômico. Hitler começou a conquistar o apoio do povo alemão defendendo uma política de força como solução para os grandes problemas alemães. Sua propaganda era extremamente nacionalista e xenófoba, dirigida contra o comunismo e contra os judeus.

O inicio da década de 30 foi marcado pelo acirramento das disputas políticas e de uma forma geral pelo avanço do nazismo. Em 30 de janeiro Hitler foi nomeado Chanceler; em fevereiro as forças paramilitares incendiaram o Reichstag, atribuindo a culpa aos comunistas, originando violentas perseguições aos sindicatos e aos membros do partido Comunista. A ameaça comunista e a necessidade de limitar a ação dos judeus foi o pretexto utilizado para reforçar a centralização. Em março, com maioria de nazistas, o parlamento concede plenos poderes a Hitler através do Ato de Autorização, que lhe permitiria decretar leis sem aprovação. Com a morte do presidente Hindenburg., assume também a presidência. O governo ditatorial passa a desenvolver então uma política belicista, de reorganização militar e investimento na indústria bélica, com vistas a colocar em prática sua política expansionista.